A importância da educação emocional

Para entender a importância das emoções, e sua influência no aprendizado, eu gosto de colocar o exemplo de uma pequena frota de barcos de pesca, realizando o seu trabalho diário na superfície do mar. Neste comparação, a eficiência dos barcos de pesca, fará referência à eficiência durante o processo de aprendizagem das crianças, e o estado do mar, fará referência ao estado emocional destes.

Embora não sejamos especialistas no mundo da pesca, todos nós sabemos que estes barcos de pesca seriam muito mais produtivos nos dias em que a superfície do mar está calmo. Podemos imaginar, flutuando sobre as plácidas águas, as quais por baixo da sua superfície, os peixes nadariam de forma pacífica, e seriam presa fácil para os pescadores. Pelo contrário, sabemos que, se os mesmos barcos de pesca, mandando-os sair para o mar em uma jornada em que as águas estão muito agitadas, as embarcações não teriam estabilidade, poderiam colidir umas com as outras, e para piorar os peixes se moveria a grande velocidade e de forma caótica sob as águas. Com total segurança, os pescadores acabariam esgotados, o que dificilmente poderia ser um dia produtivo.

Às vezes, encontramos dificuldades de aprendizagem em algumas crianças, e pensamos que o problema está em seus processos cognitivos, em que a forma de explicar seu professor não é eficaz, as inúmeras deficiências do sistema educacional. E é verdade que todos estes elementos podem ter certa influência, mas também é possível que nenhum deles seja realmente determinante. Talvez o problema seja que nós estamos tentando realizar a pesca no epicentro de um tsunami!

Como diz Javier Sierra do site Sbad2018, o primeiro defensor do menor da Comunidade de Madrid, as emoções são um material inflamável”. Nosso estado emocional é determinante na hora de encarar qualquer aspecto de nossa vida. Sabemos que quando não temos um certo estado emocional, a maioria dos aspectos que compõem a nossa realidade parecem não funcionar, já que nossas emoções determinam a qualidade de nossas escolhas, de nossas relações, e, além disso, influenciam em qualquer processo cognitivo, quer de carácter linguístico, matemático, artístico….

Os adultos, em determinadas ocasiões, o nosso estado emocional se nos afigura de uma forma instável, gerando confusão e ansiedade. Pois imagine-se em uma criança!

Devemos tomar consciência de que, fazendo referência ao fac-símile acima, o mais provável é que a maioria das crianças fazem sua jornada de pesca em um mar bastante movimentado. Se é verdade que a capacidade de aprendizagem de uma criança é muito maior do que a de um adulto, devido à maior plasticidade cerebral nessas idades, também o é que eles têm uma capacidade muito mais limitada do que a de um adulto de gerir as suas emoções. O que passa muito tempo com crianças sabe. Em um período de tempo relativamente curto, mudam seu estado emocional com muita facilidade: rir, ficar com raiva, querem jogar, se cansar desse jogo e mudam, chorar, assustado, voltam a rir, discutem…

Imagine ter que aprender tudo o que se tenta incutir em casa, na escola, nas aulas de inglês, no clube de atletismo e no conservatório, com um estado emocional que parece uma manada de cavalos impiedosos!

A IMPORTÂNCIA da Educação EMOCIONAL

Hoje sabemos que receber uma educação adequada é essencial para qualquer indivíduo. Antigamente pensava-se que o talento de cada indivíduo era algo inato, mas agora sabemos que isso não é necessariamente assim.

O filósofo especializado em educação José Antonio Marina , nos diz que o talento podemos defini-lo como a capacidade de escolher bem as nossas metas, e mobilizar os conhecimentos, as emoções e a vontade necessárias para enfrentar os obstáculos que encontramos no caminho que devemos percorrer para alcançá-los. Atendendo a esta definição, podemos verificar que uma adequada gestão das nossas emoções ( da criança), é essencial para alcançar os projetos que nós podemos dizer.

O teste da guloseima: nos anos 60, o psicólogo Walter Mischel, realizou um experimento, no qual levou a várias crianças, de forma individual, em uma sala onde havia uma guloseima, e lhes dava a instrução de que, se resistir a tentação durante quinze minutos, passado este tempo, podem comer dois guloseimas. Houve algumas crianças que comeram o doce antes do tempo estimado, e outros que aguentaram os quinze minutos e receberam sua recompensa.

O interessante deste teste é que, posteriormente, deu seguimento às crianças que participaram até que se tornaram adultos. E verificou-se que aquelas crianças que tinham conseguido conter seus impulsos de comer o doce antes do tempo acordado, durante a sua vida foram mais capazes de perseverar em alcançar seus objetivos profissionais, eram menos propensos a cair em depressão, tinham vidas mais estáveis e desfrutavam de relações mais duradouras.

Concluindo, poderíamos dizer que esses filhos lhes foi ainda melhor do que aqueles que obtiveram melhores escores nos testes de inteligência convencionais, mas que não tinham sido capazes de controlar seus impulsos diante da doce tentação da guloseima.

É por essa razão que devemos tomar consciência da importância de educar as emoções para onde vamos as nossas emoções sempre vêm com a gente. Sempre que tomamos um novo projeto, olhemos qualquer meta ou objetivo na vida, as nossas emoções podem ser a melhor ferramenta para obtê-lo, um obstáculo intransponível que nos impedem de avançar.

Na minha opinião, a Inteligência Emocional e as competências sociais, devem fazer parte do processo educativo convencional e fazer parte do trabalho desenvolvido em sala de aula. Para isso, considero que seria necessário que se elaborem conteúdos específicos para estas matérias e que elas não se limitem a fazer parte do chamado “currículo oculto”, já que, às vezes, de tão oculto que se encontra não chega a ver a luz

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